Trânsito é talvez uma das maiores fontes de estresse de Brasileiros. Com a pandemia, os congestionamentos deram uma melhorada, porém, sempre estão presentes.
Estresse, acidentes, atrasos, enfim…Todos esses problemas são tão comuns que simplesmente aceitamos e ativamos a rotina de sempre.
Mas será que não existem soluções para os problemas de trânsito?
Afinal, não é um problema apenas no Brasil. Congestionamentos afetam o mundo inteiro, sendo um dos muitos desafios difíceis de superar, mas não impossíveis…
Estamos cada vez mais próximos de soluções inovadoras e de um futuro com menos acidentes, trânsito e, consequentemente, estresse.
Tendências no transporte urbano
Antes de saber quais serão de fato os transportes e sistemas que apresentam boas chances no futuro do transporte, é importante entender quais são as tendências e desafios dos transportes urbanos atuais.
Assim, fica até mais fácil de identificar meios de transporte que podem fazer a diferença.
Nota do autor
O foco deste artigo é em mobilidade urbana! Existem vários outros meios de transporte interessantes, com ótimas propostas para o futuro.
Algumas empresas e instituições utilizam as palavras “CASE” ou “ACES” para se referir às tendências do transporte, onde cada letra representa uma delas.
De qualquer forma, por mais tenham nomes diferentes, no geral, se referem aos mesmo pontos, são eles:
- C → Connected ou Conectado: como o nome indica, são veículos que compartilham de uma mesma rede e conseguem interagir entre si. A conexão entre veículos é fundamental, pois permite que organizem melhor o fluxo do trânsito e alertem caso ocorram determinados eventos, como acidentes ou paradas bruscas. Imagina se todos veículos de uma cidade, país, ou até mundo, compartilhassem de uma mesma rede neural. Isso ajudaria significativamente na redução de acidentes e congestionamentos.
- A → Autonomus ou Autônomo: os famosos pilotos automáticos. Carros, ônibus e caminhões que andam sozinhos são soluções muito inovadoras e estimadas pelo mercado. Afinal, 94% das batidas são causadas por falhas humanas. Como uma máquina não pode se embebedar, distrair ou cochilar, ela é menos suscetível a tais erros. Além é claro de ajudar com o congestionamento, não só diminuindo acidentes, mas evitando também os famosos “congestionamentos fantasma”, um evento frequente em que o trânsito fica parado sem motivo aparente, por simples inconstância no comportamento humano durante a direção dos veículos. Por mais futurista e estranho que isso pareça, esses veículos já existem e muitos deles funcionam super bem. A Tesla, por exemplo, conta com a função de piloto automático que, apesar de ainda precisar de supervisão humana, permite que as pessoas realizem trajetos inteiros sem tocar no volante.
- S → Shared ou Compartilhada: segundo Sven Beiker, da Silicon Valley Mobility em entrevista para a BBC, a ocupação média dos veículos é de 1,4 pessoas, o que é bem pouco quando consideramos que carros, por exemplo, tem geralmente até 5 assentos. É possível reduzir todas as viagens pela metade apenas aumentando esse número para duas pessoas, diminuindo significativamente o tráfego. Aplicativos como BlaBlaCar e Uber já estão abrindo oportunidades na frente de compartilhamento, e muitas pessoas adotam a ideia, por ser mais prática e econômica.
- E → Eletric ou Elétrico: outro grande problema do transporte é a poluição. 16.2% da emissão de gases do efeito estufa global, como o CO², são do transporte. Esse número é bem representativo, e a eletrificação dos veículos é um processo essencial para permitir a transição gradual para veículos de emissão zero. Existem muitas nuances quanto à real emissão de veículos elétricos, as quais abordo com mais profundidade neste artigo, mas grandes organizações, governos e empresas já estão bem convencidos de que são uma das melhores soluções para a poluição do transporte a nível global.
Portanto, um veículo/sistema com verdadeiro potencial de ser “do futuro”, com certeza deve atender uma ou mais dessas tendências, se não todas!
E cada um dos pontos citados acima apresenta um desafio diferente, que requer pesquisas e mais pesquisas em diversas áreas.
Veículos conectados, por exemplo, exigem algoritmos complexos e bases de dados gigantescas para realmente funcionarem com eficácia.
Carros autônomos também precisam de algoritmos muito bem treinados e sistemas que simulam a visão humana de forma assertiva em qualquer ambiente, isso tudo sem prejudicar a aerodinâmica e formato do veículo, garantindo a máxima segurança.
E veículos elétricos ainda precisam de grandes avanços em tecnologia e ciência para que realmente tenham emissão zero, sejam eficientes e econômicos ao mesmo tempo.
Isso sem considerar questões éticas como o dilema dos carros autônomos: se um carro autônomo atropelar alguém, a culpa é de quem? Naturalmente, pensamos na montadora, mas a questão levanta perguntas éticas complexas, que podem ter outras abordagens.
O desafio para o transporte do futuro
Carros autônomos, elétricos, compartilhados…Todas essas tendências abrem espaço para uma nova era do transporte que muitos não estão percebendo!
Os carros estão transitando de um produto ofertado a cada consumidor, para um serviço compartilhado, utilizado sob demanda.
Com gigantes como Uber, Google e Amazon iniciando suas jornadas no mercado automobilístico, fica clara a tendência de serviços de taxis autônomos.
Afinal, é uma forma mais prática, eficiente e responsiva de lidar com o trânsito, considerando que as pessoas querem praticidade e simplesmente chegar do ponto A ao B no menor tempo possível, com segurança e conforto.
Portanto, fabricantes e montadores podem ter dificuldades em migrar para esse novo modelo, já que grande parte de seus esforços em Marketing – visando destacar o status e design de seus produtos – não fariam mais tanto sentido.
Esse talvez seja um dos maiores desafios para as montadoras e fabricantes no futuro, porém, entusiastas de automóveis não vão sumir da noite para o dia. Muitos – se não a maioria – tem preferência por adquirir seus próprios carros.
Logo, a tendência mencionada aqui é gradual e, provavelmente, não acontecerá em 100% dos veículos, pelo menos não tão cedo…
E você, o que prefere? Praticidade ou Diferenciação?
A Tesla, por exemplo, tem um modelo de negócios totalmente voltado para o desenvolvimento do melhor produto disponível no mercado. Isso inclui eficiência e segurança, mas também design e status.
Os meios de transporte do futuro
Conheça agora algumas alternativas promissoras de transportes e sistemas de mobilidade urbana para o futuro do trânsito:
Hyperloops
Hyperloops foram apresentados pela primeira vez em 2013, por Elon Musk, em um artigo publicado pela sua empresa, a Tesla.
Já existiam ideias e projetos bem similares nos quais ele se inspirou, porém, a forma como Musk propôs o transporte era diferente.
À primeira vista parecem até metrôs, mas os Hyperloops vão bem além dos clássicos meios que conhecemos. O transporte funciona com cápsulas elétricas que transitam no interior de tubos, podendo chegar a velocidades acima de 1.000km/h.
Existem dois motivos principais para que as cápsulas alcancem altas velocidades:
- Baixa pressão do ar: os ar é retirado dos tubos, de forma que fique um ambiente de quase vácuo, o que diminui significativamente a resistência do ar.
- Levitação magnética: os veículos operam em levitação magnética, o que significa que a fricção com trilhos e o chão, por exemplo, é eliminada, permitindo que alcancem velocidades ainda maiores, com pouca resistência.
Desde então, várias empresas começaram a investir na tecnologia e infraestrutura para possibilitar esse meio de transporte.
Veja nosso artigo completo sobre Hyperloops aqui!
As previsões são de que em 2027 tenhamos a primeira operação comercial, pela Virgin Hyperloop!
Outra empresa fazendo vários avanços é a HyperloopTT, que já conta com parcerias com diversos governos para realizar o transporte.
Loops
Apesar do nome parecido, os loops não tem muita relação com Hyperloops. Loop é um sistema de transporte que funciona com túneis em vários níveis diferentes abaixo de centros urbanos.
Nesses túneis, carros elétricos e autônomos podem transitar a mais de 200km/h sem interrupções, tornando as viagens mais rápidas, além de reduzir significativamente congestionamentos.
Os veículos teriam acesso aos túneis pelas ruas, em “elevadores” localizados próximos às calçadas, como se fossem vagas normais, mas que levam o carro até os túneis.
Veículos como “ônibus autônomos” são um dos principais focos desse sistema, podendo facilitar o acesso rápido para pedestres e ciclistas a seus respectivos destinos.
Loop é um projeto da The Boring Company, outra empresa de Elon Musk, que já faz testes em Los Angeles, mas ainda está bem no começo, sendo que a eficácia e viabilidade do transporte ainda deve ser provada.
A motivação para iniciar esse projeto é devido a um dos grandes problemas do transporte atual: as estradas e ruas são bidimensionais – 2D. Isso significa que são limitadas em capacidade.
Centro urbanos, por outro lado, contam com construções tridimensionais – 3D -, como prédios, o que permite que mais pessoas possam morar/trabalhar nos centros, sem necessariamente expandir suas fronteiras.
Os sistemas de transporte não se adaptaram a essa realidade, resultando em vários congestionamentos.
Existem duas alternativas para resolver esse problema:
- Carros voadores
- Túneis
Segundo Elon Musk, túneis são a melhor opção, já que são à prova d’ água, não poluem a visão e, claro, não caem na sua cabeça, o que motivou o desenvolvimentos dos loops.
Veículos Autônomos
Imagina conseguir estacionar o carro de forma perfeita em qualquer vaga, automaticamente?
Se você acha que isso é coisa do futuro, está na hora de redefinir sua visão de futuro, pois esse recurso já existe!
Os famosos veículos que andam sozinhos são talvez uma das alternativas com mais relevância para resolver o trânsito, e não é à toa!
Carros autônomos são os maios próximos da nossa realidade atual. Os carros da Tesla, por exemplo, contam com a função de piloto automático, que ainda precisa de supervisão, mas funciona bem em estradas, ruas organizadas e até para estacionar.
Além disso, o investimentos e criação de novas startups com foco na automação de veículos está crescendo nos últimos anos, com gigantes como:
A Waymo, por exemplo, já está em operação em locais específicos nos EUA, e a Cruise, da General Motors, também faz diversos testes em San Francisco.
No Brasil, temos a Hitech Electric, mas seus veículos são voltados para aplicações privadas e industriais, já que o Brasil ainda tem um longo caminho em relação às regulações no mercado.
“Carros” Voadores
Por fim, temos os carros voadores…Na verdade, não são bem carros voadores, são os eVTOLs: veículos elétricos de decolagem e pouso, os famosos “táxis voadores”.
As crítias direcionadas a esses veículos são frequentes, relacionadas a problemas como:
- poluição sonora
- riscos maiores no caso de falhas mecânicas ou batidas
- estresse que podem causar nas pessoas da cidade
Existem várias iniciativas como a Uber Air ou Elevate, Airbus, Joby Aviation e Terrafugia.
Estamos bem próximos de ver esses veículos aqui no Brasil também. A startup da Embraer, Eve Urban Mobility, tem várias parcerias para encomendar seus eVTOLs.
Qual alternativa você acha mais interessante?
Aproveite para ver nosso artigo sobre a Neuralink, o chip cerebral de Elon Musk.