Os carros elétricos chegaram para ficar!
O que antes era um veículo de laboratório, com aqueles visuais bem questionáveis, agora são carros com apelo imenso ao público, as mais altas performances, potencial de serem mais baratos e, é claro, um bônus de sustentabilidade.
Grandes marcas como Volvo, Ford, Audi, General Motors e Nissan investem pesado nos veículos. A Volvo inclusive quer ter sua frota com 100% de carros elétricos até 2030, enquanto a Ford quer o mesmo até 2030, mas apenas na Europa, por enquanto.
Segundo artigo do The Guardian, 18 das 20 maiores fabricantes de automóveis – o que representa 90% da indústria automotiva – estão se preparando para aumentar a oferta de carros elétricos no mercado.
Com isso, surgem algumas questões, afinal, será que carros elétricos são tão bons para o meio ambiente quanto dizem por aí? É realmente a melhor alternativa que temos para um futuro mais sustentável?
Vamos discutir exatamente esses pontos neste artigo!
Por que carros elétricos não tem zero emissão?
Quando comparamos a emissão de carbono durante o uso dos veículos, é inquestionável que carros elétricos são muito menos poluentes que carros que utilizam combustíveis fósseis, além de serem melhores para qualidade de ar local, já que não espalham gases pelos centros urbanos.
Porém, todo veículo – inclusive os elétricos – passam por processos de produção e coleta dos materiais necessários para produzi-los, logo, existem mais processos que precisam ser levados em consideração para se chagar a uma conclusão final.
Um carro elétrico pode usar até milhares das famosas baterias de íons de lítio, por exemplo. Para produzir essas baterias, as mineradoras recorrem a processos prejudiciais ao meio ambiente, sem falar em questões que ferem os próprios direitos humanos.
Ou seja, sinto informar, mas não, ao contrário do que muitos pensam, carros elétricos não tem 0 emissão de carbono e/ou 0 danos ao meio ambiente.
Mas todas grandes empresas e governos sabem disso, e mesmo assim adotam a tecnologia, por que?
A questão é não é se poluem ou não, mas se eles são mais ou menos prejudiciais para o meio ambiente, considerando também o longo prazo.
Para estudar esse assunto mais a fundo, existem três pontos essenciais nos veículos elétricos que entram em pauta:
- Processo de produção das baterias
- Abastecimento do veículo
- Reciclagem das baterias
Esses são os pontos que mais chamam a atenção de críticos e de todos que querem tornar esse transporte mais sustentável.
Vou passar por cada um deles, e no final chegaremos às conclusões!
Lembrando que tudo neste artigo está embasado em artigos científicos, estudos de instituições renomadas e notícias de fontes confiáveis, você pode ver as principais referências no final deste artigo.
1. Produção das baterias de íons de lítio
Os carros elétricos costumam usam baterias de íons de lítio para alimentar seus motores de indução, o mesmo tipo de bateria utilizada em celulares, por exemplo.
Elas são compostas por vários metais raros, e a extração e manipulação desses metais, como lítio e cobalto, são prejudiciais para o meio ambiente.
O Cobalto, por exemplo, além do processo de mineração do metal deixar rejeitos prejudiciais ao ambiente, sua extração do minério emite outras substâncias que poluem o ar. Além disso, 70% do fornecimento mundial de cobalto tem como origem a República Democrática do Congo, que hoje enfrenta muitos problemas com a falta de regulação das mineradoras, abrindo portas para infrações aos direitos humanos, como trabalho infantil.
Outro elemento fundamental para as baterias de íons de lítio é, claro, o lítio.
A mineração do lítio ocorre em grande parte na Austrália e nos famosos “desertos de sal” da Argentina, Chile e Bolívia, principalmente. No processo de mineração, são utilizadas grandes quantidades de água para extrair o lítio, o que prejudica o ambiente em volta, deixando-o ainda mais seco e causando um impacto ambiental difícil de mensurar.
Com certeza são problemas preocupantes mas que, felizmente, estão atraindo bastante atenção das fabricantes e montadoras de veículos elétricos, as quais se comprometeram em encontrar novas alternativas para o Cobalto em suas baterias – ou reduzi-lo.
Além disso, existem vários estudos para extrações de lítio mais sustentáveis, um deles – publicado pela BBC – mostrou uma alternativa bem interessante, viável e abundante para extrair o material. Trazer inovação para o processo de produção é um dos principais focos das montadoras e fabricantes e já existem várias boas ideias.
Mas considerando isso, será que eles são o futuro mesmo? Vamos para o segundo ponto:
2. Abastecimento do carro
Outro ponto importante é o carregamento das baterias. Assim como a bateria de um celular, é preciso carregar o carro após um tempo de uso. Para isso, no geral, são utilizadas as fontes tradicionais de energia, que nem usamos em nossas casas para carregar o celular.
O problema é que as fontes de eletricidade que usamos não são 100% limpas. Na verdade, apenas 36.7% da eletricidade vem de fontes com pouca ou nenhuma emissão de carbono, como energia nuclear, solar, eólica, hidráulica, entre outras (lembrando que energia e eletricidade não são a mesma coisa!).
Mesmo levando esse fator em consideração e o mencionado no tópico anterior, existem estudos como um feito pela própria Tesla – de Elon Musk – e outros divulgados na Forbes, que reforçam a eficiência dos carros elétricos em diferentes países:
Mesmo assim, a grande questão é que a produção de energia para redes de eletricidade tem a tendência de vir cada vez mais de fontes limpas – como energia solar e eólica – na medida em que se tornam não apenas necessárias para o meio ambiente, mas também fontes mais baratas, inclusive, um artigo publicado pela CNBC indicou que essas fonte já são mais baratas que muitos combustíveis fósseis!
Outra pesquisa divulgada pelo The New York Times indicou que os carros elétricos estão ficando cada vez mais “verdes” e a tendência é que continuem. Ou seja, eles são uma real possibilidade de alcançarmos um veículo 100% sustentável no futuro.
Por outro lado, carros movidos à combustão ou mesmo os famosos híbridos mais eficazes, sempre terão uma piso de emissão do qual não podem ir abaixo, afinal, eles continuam utilizando fontes “sujas” de energia para sua locomoção.
3. Reciclagem das baterias
Outro ponto levantado é de que as baterias de carros “normais” são praticamente todas recicladas – 99%.
Por outro lado, atualmente, estima-se que apenas 5% das baterias de íons de lítio sejam recicladas. Isso é um problema, economicamente e ambientalmente falando, mas é certo que com o crescimento do uso dessas baterias, está cada vez mais comercialmente relevante estudar formas de reciclá-las.
Afinal, não reciclar essas baterias é praticamente jogar dinheiro fora. Na Europa, por exemplo, é muito difícil conseguir os materiais necessários para a produção, o que torna ainda mais atrativa a reciclagem!
E não é teoria!
Um artigo publicado pela BBC mostrou que grandes empresas como Renault, Volkswagen e Nissan não só investem na reciclagem das baterias, mas têm planos para tornar todo o processo mais eficiente e expandir nessa frente. A Tesla também tem parcerias com empresas de reciclagem e 100% de suas baterias, segundo a empresa, são envidadas para reciclagem.
Além disso, a Renault, por exemplo, quer reciclar todas as baterias eventualmente, não só de sua marca. Instituições científicas também já estão nessa luta, como a The Faraday Institution, do Reino Unido.
Por fim, após perder sua autonomia em veículos elétricos, as baterias ainda são úteis em outras aplicações, como no armazenamento de energia solar, podendo durar por uma década ou mais!
Logo, o desafio é mais para criar uma infraestrutura adequada para a reciclagem e reutilização das baterias, do que se podem ser ou não recicladas. Claro que são materiais difíceis de reciclar, mas diversos avanços estão sendo feitos.
Importante
Existe um artigo na uol sobre um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de Munique que afirma que veículos elétricos emitem mais CO2 que modelos a diesel.
Na verdade, esse estudo já foi “desmascarado” por especialistas. Ele tinha diversas falhas, sendo uma delas a consideração de uma emissão menor por veículos movidos a diesel do que realmente é, o que já tira a credibilidade do estudo.
Uma pesquisa mais recente – Junho de 2020 – e confiável, divulgada pelo The New York Times reportou que , no geral, veículos elétricos têm menos emissões prejudiciais do que carros a gasolina. Tudo depende também do local onde você está, tamanho do veículo e outras variáveis, mas no geral elétricos vencem.
Carros Elétricos são o Futuro?
Considerando estudos que já indicam que eles são menos poluentes e a tendência de serem ainda mais, tanto com avanços tecnológicos, quanto no uso de energia mais limpa, é seguro afirmar que carros elétricos são, no mínimo, uma alternativa a se considerar para sustentabilidade.
E sim, carros elétricos muito provavelmente serão os carros do futuro. Grandes instituições como a Agência Internacional de Energia já consideram eles como uma solução, além das pressões já existentes de governos para que fabricantes de automóveis invistam em veículos de pouca emissão.
E você, o que acha? Teria um Tesla em casa?
Aproveite para ver nossos artigos sobre como serão os transporte do futuro e sobre os hyperloops, uma alternativa sustentável par aa mobilidade.
Fontes
- Forbes (carros elétricos são melhores para o ambiente?)
- Estudo ICCT sobre produção e emissão de baterias em carros elétricos
- Youmatter (carros elétricos são mais verdes?)
- Cleaner Cars from Cradle to Grave (estudo da Union of Concerned Scientists)
- USA TODAY
- Estudo da Tesla sobre a emissão
- Alternativa para mineração de lítio – BBC
- BBC – artigo sobre reciclagem das baterias de carros elétricos
- Artigo da Volkswagen sobre a mineração de lítio
- Artigo da UOL sobre estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de Munique
- Artigo da InfoMoney sobre carros elétricos
- Sobre a Tesla
- Olhar Digital: veículos elétricos mais baratos
- The New York Times – estudo sobre o quão verdes são carros elétricos
- Redwood Materials – empresa de reciclagem de baterias de íons de lítio